Alerta! Este é um post logo pra quem gosta de histórias.
Desde criança, eu já sonhava em desbravar o mundo. Assistia fascinado a programas de TV sobre mochileiros, viagens de volta ao mundo de barco, carro, bicicleta... e me imaginava explorando cada canto do planeta. A curiosidade sempre me impulsionou a descobrir novas culturas, experimentar comidas exóticas e aprender novos idiomas, como o inglês, com sua sonoridade única que me encanta.
Eu trabalhava como Diretor de Fotografia para conteúdos digitais, gravando vídeos e fazendo fotos. Atuei de 2015 até 2024. Foram longos 9 anos trabalhando exclusivamente com produção de conteúdo para internet, atendendo grandes canais de YouTube e também influenciadores e famosos da TV. Eu sou de 1992 e tenho 32 anos. A partir dos meus 25 anos, eu passei por uma fase de grande crescimento pessoal e profissional, e fico muito feliz por todo o conhecimento que adquiri.
Errei muito, nossa! Como eu errei... mas aprendi muito com esses erros. Chorei nesse caminho, vivi alegrias... me despedia de pessoas e encontrava novas pessoas o tempo todo. Cada um tem um papelzinho no meu crescimento profissional e pessoal, e isso ainda continua acontecendo. Durante esse processo de crescimento, que aconteceu com grande força a partir dos meus 25 anos, incluí alguns pensamentos profundos sobre a vida, sobre a minha relação com o mundo e comigo mesmo.
Pensando sobre a vida e sobre as coisas que nos são ensinadas, eu parei um dia para pensar sobre a frase: "Você tem que..." e eu, que desde a infância não aceito "porque sim" como resposta, comecei a questionar "porque eu tenho que..." Porque eu tenho que ser alguém na vida? Porque eu tenho que ser rico? Porque eu tenho que fazer faculdade e ter um bom emprego? Porque eu tenho que ser bem-sucedido? Porque eu tenho que ter uma casa? Porque eu tenho que ter uma família e ter filhos? Eu não tenho que... nada! Eu tenho que o que eu quiser. Não é a sociedade que dita o que eu tenho que ser ou o que eu tenho que querer ou buscar para minha vida.
É possível ser feliz morando num sítio fora da cidade grande sem ter que ter faculdade ou estudar e fazer mestrado para isso. É possível ser feliz tendo um fusca sem ter que trabalhar a vida inteira, se matar de trabalhar para ser feliz numa Ferrari. Isso começou a me libertar um pouco de pensamentos conservadores sobre como tocar a vida, e a partir daí eu comecei a moldar a minha vida seguindo as minhas vontades. Claro, eu preciso de dinheiro, eu preciso trabalhar para de alguma forma ganhar dinheiro e poder viver com algumas coisas básicas. Não é sobre viver num sítio, plantar e colher, mas é sobre parar de buscar esse luxo e essa vida bem-sucedida excessiva que cria na gente um monte de trauma, um monte de dificuldade e frustração por não alcançar um objetivo que a sociedade, os pais ou a família esperam da gente.
Eu não pedi para nascer, e acho que tenho o direito de tocar a minha vida como eu quiser, desde que eu respeite os valores mínimos e básicos do próximo para que possamos conviver minimamente em harmonia e em sociedade. Nessa fase de crescimento e amadurecimento, eu passei a entender que "eu não posso esperar do outro uma vontade que é só minha". Eu queria viajar em família e com amigos, mas vocês já tentaram marcar para sair com alguém para tomar um cafezinho? Já viram que é muito difícil e nem sempre dá? Talvez para um cafezinho você até consiga sair sempre com a família ou um amigo, mas já planejou viajar? Bater as datas em que ambos estão em mesma disponibilidade, sintonia etc... Avaliando vários fatores que envolvem uma viagem, como finanças, gostos, vontades etc...
Bom, eu meio que sempre fui independente, comecei a trabalhar para comprar as minhas próprias coisas e fazer as minhas vontades, que de modo geral sempre foram fora da caixinha. Eu sempre fui em busca das minhas vontades sem ficas esperando o outro pra poder fazer junto comigo. Ao longo da vida eu fui entendendo que esperar o outro nem sempre as coisas aconteciam, e tudo na minha vida passou a acontecer melhro quando eu decidi ir sozinho fazer as coisas, mesmo com medo. Eu sempre fui uma criança fora do tradicional, com vontades fora do tradicional. Talvez isso tenha me ajudado muito nas minhas escolhas e me ajudado muito nessa jornada. É algo que eu nasci com isso ou que desde pequeno já sei lidar com isso. Talvez por causa disso seja mais fácil, mas acho também que isso não é o fator crucial para isso. Acho que decidir mudar de vida, de estilo de vida, sair para viajar e não voltar, ou imigrar para outro país, é um amadurecimento que a gente aprende, que a gente avalia e decide. Apostar, arriscar ou só viver uma nova vida.
"Viver é esperar morrer" e como você está esperando morrer? Parado ou vivendo? Esse também é um pensamento que mudou muito a minha vida quando eu passei a entendê-lo. Vai dar errado várias vezes até dar certo. E a gente só sabe se vai dar errado ou dar certo se a gente tentar. A única certeza que a gente tem é que a gente vai morrer. Se você vai comer amanhã, viajar mês que vem, ou se formar daqui a 4 anos... são previsões ou vontades que a gente tem... mas certeza, certeza mesmo a gente não tem... Tudo é vontade ou previsão. A gente espera que aconteça e torce muito, mas certeza... a gente não tem.
Sabe quando falam que a vida é um sopro? É pesado, mas é real. A gente morre e não leva nada. A gente só tem essa vida e não sabe até quando... Se viver é esperar morrer, como você está esperando? Acho que essa sequência de frases consegue talvez fazer você entender um pouco mais sobre o meu pensamento de modo geral. Querer conhecer o mundo, fazer coisas e checar a lista antes de morrer são forças que eu juntei para embarcar nessa jornada, depois de todo o pensamento e reflexão que tive sobre a vida e sobre o que eu queria fazer.
Acho importante dizer que, talvez lendo aqui, parece ser uma coisa fácil, mas eu acredito que não foi, mas também não acho que é algo impossível. E eu te diria que, se você pensa em fazer o mesmo, mudar de vida, o primeiro passo e o mais importante deles provavelmente é se entender. O que não é nada fácil, e uma terapia pode ajudar muito. Eu fiz bastante terapia nesse processo e nos últimos anos, inclusive, fiz um intensivão antes de viajar.
Além de se conhecer, acho importantíssimo você se questionar, não só para se conhecer, mas também para formar a sua opinião sobre as coisas, e nesse processo, estar com a mente aberta para as possibilidades, que são inúmeras, é fundamental. Isso acelera muito o processo de crescimento pessoal e te ajuda a se entender e tomar as suas decisões da forma que você acha que deve tomar e que se sente seguro em tomar. Qual o seu propósito e o que você quer para a vida que é sua e não dos outros, não da sociedade? É a SUA F#CKING VIDA! Bom... talvez eu tenha me estendido um pouco, mas acho que consigo resumir um pouco dessa complexidade dessa decisão e compartilhar com vocês um pouco dos pensamentos que fez essa opinião ser formada.
Trabalhar com fotografia e vídeo, principalmente na área de conteúdo para redes sociais, me fez questionar muitos valores. A busca incessante pela estética perfeita, por uma vida idealizada que não existe, me gerou um conflito interno. Até que ponto eu queria seguir as regras desse mercado que exige perfeição, mas que muitas vezes cobra um preço alto demais? Essa cobrança, tanto das marcas que investem milhões em um único post, como do público que exige corpos perfeitos e livres de "imperfeições", me incomodava.
Como artista, eu acredito em corpos livres, sem tabu, sem muita exigência rigorosa. Acho que a gente pode ter e trabalhar para que o corpo tenha ou siga algum formato ou categoria específica, tudo bem, mas quando essa busca pela perfeição vira algo rigoroso e parte para uma doença, a gente tem um grave problema. Desde um bom tempo, eu tenho questionado minha profissão e o que eu quero para minha vida. Trabalhar com internet, produção de conteúdo massivo e principalmente em uma agência me ensinou muito. Trabalhar com marcas, comercial e agências não tem como não ser um aprendizado, já que é um mercado volátil que muda o tempo todo e precisa se reinventar o tempo todo para atender as demandas do mercado.
Mas aqui foi o meu teto. Como artista, eu não consigo criar e tirar ideias do nada todo dia para apresentar para o cliente. Eu preciso de tempo, para me inspirar, estudar e criar estrategicamente um conteúdo. Eu, por um longo período, tentei. Trabalhei arduamente para tentar acompanhar essas exigências que não são nenhum pouco leves. Mas a exigência do mercado, das agências, do comercial e dos influenciadores, que também se cobram para estar em uma vida perfeita, em alta e cada vez mais ganhar dinheiro, chega em um momento exaustivo.
Esse foi meu teto. Eu tentei, em sã consciência, acompanhar, por um tempo eu consegui, lutei bravamente como sempre fiz em todas as minhas coisas e projetos da minha vida. Levei a sério e com responsabilidade. Tentei não cair e não fraquejar, e eu falhei miseravelmente. Porque humanamente é impossível. Durante um bom período, eu consegui, eu mantive, eu entregava, mas a que custo? A custo dos meus neurônios, que são irreparáveis e que dinheiro nenhum no mundo repõe. Uma vez que queimou o neurônio, acabou. Dinheiro nenhum no mundo traz de volta.
Esse pensamento me corroía enquanto eu percebia que minha queda ia chegar, mas para seguir a minha vontade de viajar, que eu vinha pensando fazia um tempo, e também pensava e estudava sobre uma possível imigração para um país mais desenvolvido, eu precisava de dinheiro. Essa correria toda de trabalhar em São Paulo, não ter família e casa própria, pagar o próprio aluguel, despesas de modo geral e ainda assim arrumar tempo e dinheiro para me divertir minimamente no final de semana para a saúde mental não surtar de vez, não foi um período fácil.
Eu comecei a fazer alguns freelas, segurar as pontas para minha queda não vir muito rápido, embora ela estivesse vindo de trem-bala. Eu levantei uma grana, trabalhei nas folgas mesmo cansado, sem a menor condição às vezes, tudo isso para levantar uma mínima grana para poder seguir a minha vontade de viajar ou imigrar para outro país. E foi isso! Meu cansaço mental começou a ser evidente no meu trabalho... óbvio. E com isso, eu comecei a arrumar alguns problemas no trabalho, problemas com as entregas, e óbvio² que a culpa era minha, nunca do sistema, nunca da exigência, nunca de nada. Sempre a culpa é da gente. Mas fod@-se, né? Quem sou eu na fila do pão do sistema? Quem é você também na fila do pão? Não precisa responder.
E a minha queda chegou. Diferente da Karol com K, não tive documentário limpando a minha imagem, pelo contrário, minha imagem, que não era boa, provavelmente foi muito mais difamada depois, acredito eu. Mas fod@-se! Não quero saber o que as pessoas pensam. Eu tenho, dentro do meu amadurecimento profissional e pessoal, consciência da minha competência profissional e pessoal. Eu sei quem eu sou e o que eu quero da minha vida. Eu sei meus valores e não vivo à mercê dos outros. Afinal, a filósofa minha mãe já dizia: "Eu não sou todo mundo", e te digo que não sou mesmo.
Com isso, a demissão chegou, num período em que eu ainda não estava muito financeiramente preparado. Ainda queria ter conseguido um pouco mais de dinheiro, mas tudo bem, aconteceu, eu sou forte. Não deixei isso me abalar, até porque era algo que eu super estava esperando e planejando para acontecer. Assinei a minha demissão lindamente, peguei minha recisão e meu dinheiro guardado. Entrei no Google Flights, vi qual país da Europa tinha voo mais barato e comprei uma passagem só de ida para Berlim, na Alemanha. Lá eu comecei a minha jornada. Eu devolvi meu apartamento alugado em São Paulo, que eu amava tanto e tinha uma vista linda para a cidade, me despedi dos meus amigos, que são a família que a gente escolhe ter na vida. Aluguei um carro, coloquei minhas coisas dentro, dirigi por 6 horas até a casa dos meus pais em Cana Verde - MG, a cidade do Gustavo Tubarão, sabe? Passei um tempo lá, curtindo minha família, minha sobrinha, minha vó. E então taquei umas coisas na mochila e embarquei para essa jornada.
A ideia sempre foi ficar na casa de amigos e conhecidos inicialmente em alguns lugares na Europa, dos quais eu queria turistar um pouco e conhecer alguns dos lugares que eu sempre sonhei em conhecer, intercalando com trabalhos voluntários, trocando estadia e comida por trabalho.
Por fim, não menos importante, eu quero dizer que eu não estou com raiva de nada e nem de ninguém. Tudo na minha cabeça é claro de como as coisas iam acontecendo e o que possivelmente elas se tornariam e o que eu me propus a fazer e me propus a estar. . Ter trabalhado igual o cão, numa agência com influenciadores, pessoas famosas, em uma rotina maluca e uma exigência surreal, me ensinou muito. Na vida pessoal, profissional e me fez entender como pessoa, quais são os meus reais valores e o quão eles não são negociáveis. Como eu devo me priorizar e não priorizar o que a sociedade quer. Que eu devo ter o controle da minha vida e não aceitar que o outro me controle, de maneira alguma, em nenhum f#ucking sentido.
Hoje eu estou em Cape Town, na África do Sul, trabalhando como recepcionista de um hostel, tendo estadia gratuita e café da manhã. Vivendo uma vida diferente do que eu estava acostumado, aprendendo sobre novas culturas e novos relacionamentos com as pessoas. Talvez eu tenha me alongado muito para escrever isso, tentei resumir ao máximo, mas quem me conhece sabe que eu não sei viver uma vida sem detalhes. Eu quero, com esse blog e com meu Instagram @umamochilaeumsonho_, compartilhar minhas vivências nessa jornada, pelos países que vou percorrer e também no Brasil, se um dia eu voltar. Não deixe de me acompanhar por aqui e também pelo Instagram, onde eu posto coisas mais em tempo real, dando dicas dos lugares que eu visito, experimentando coisas novas e mostrando a real sobre os lugares, sem muitos rótulos ou gourmetização.
Obrigado para você que leu até aqui. Espero que você se sinta inspirado em fazer o mesmo, seja viajar, ou abrir a sua mente para mudar... seja o que for na sua vida... mas esteja aberto e que os caminhos para você se abram!

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